quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012




Refletindo o Tempo da         Quarema
Inicio da Quaresma,  tempo de jejum, penitência e oração. Um tempo em que devemos nos preparar para refletir e viver o amor de Deus por nós na pessoa de Jesus Cristo.
O que é o amor? O amor é o próprio Deus, é n’Ele que encontramos toda a essência da vida. Tão bom e generoso que nos dá seu Filho, Deus Filho, para nos fazer  compreender  esse verbo tão difícil de conjugar: amar.
Deus-amor,  o início, o eterno, o sempre, a essência da vida. Foi de suas mãos que todas as coisas foram criadas, a delicadeza da criação com seus detalhes que nossos olhos podem contemplar, mas que nossos corações não se deixam tocar.
Refletir sobre esse tempo da Quaresma é refletir sobre o amor que move nossas vidas, amor esse que vem do Espírito Santo enviado por Jesus: “Entretanto, digo-vos a verdade: convém a vós que eu vá! Porque, se eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se eu for, vo-lo enviarei. (São João 16,7). Esse é o amor incondicional de Jesus que se dá para que possamos receber o Paráclito, o Espírito Santo que vai fazer morada em nosso interior. Como então não jejuar, não fazer penitência, não elevar a voz em orações constantes por amor de Deus?
Todo tempo é  favorável a estar em comunhão com Deus, sendo a Quaresma o tempo mais propício pois nos convida a uma reflexão maior sobre os passos de Jesus, sua paixão e sua Ressurreição. Na sua trajetória por esse mundo Jesus falou do amor do Pai, do resgate das ovelhas perdidas, curou enfermos, coxos, cegos e expulsou espíritos imundos e ainda assim Ele não foi compreendido. Não se compreendeu o amor, não se compreendeu a Palavra de Deus, não se compreendeu Jesus. Ele foi torturado, machucado, tomou sobre si as nossas dores:” Foi maltratado e resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador.(Ele não abriu a boca).(Isaías 53,7)  
Cabe a cada um refletir sobre a importância do se doar;  em jejum, em oração, em penitência, um sacrifício de amor por Aquele que nos amou primeiro.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

          A Difícil Vida Cristã na China
“Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus...” (Mt 5, 11-12)
 
    Ainda hoje, século XXI, cristãos morrem pela causa do Evangelho; são perseguidos por sustentarem sua fé. Em muitos lugares, apesar da liberdade religiosa teoricamente ser reconhecida, na prática ela é cerceada por razões políticas ou pelo relativismo que permeia o mundo. Em países como China, Paquistão, Nigéria, Índia e tantos outros, cristãos são alvo de perseguições e acabam, muitas vezes, sendo martirizados por professarem sua fé.
   Na China, após a revolução comunista (1949), cristãos passaram a ser perseguidos:  missas foram proibidas, igrejas transformaram-se em escolas, fábricas ou hospitais. Leigos, padres e bispos foram presos, torturados e alguns martirizados, mas, mesmo assim, não deixaram de professar sua fé. O governo, para mostrar sua autoridade, cria a Igreja  Patriótica,  não tendo esta, entretanto, comunhão com a Santa Sé.  Apesar disso, verdadeiros cristãos, padres e bispos não se deixam envolver por essa arbitrariedade e permanecem fiéis a Cristo e em comunhão com o Papa.
    Ainda hoje na China, a Igreja está dividida em duas: a oficial, Igreja patriótica, criada e dirigida pelo governo e cuja nomeação dos bispos é feita por pagãos, e a Igreja do Silêncio ou subterrânea, que é a Igreja perseguida, na qual cristãos vivem  momentos difíceis pela falta de liberdade de culto, o que leva milhões de católicos a viverem sua fé clandestinamente.
  Em conversa com o Padre Li Guozhong, da Paróquia de São Francisco Xavier, na Tijuca,  ficamos conhecendo um pouco mais sobre esse assunto.
   Filho de uma família católica praticante, resistiu à violentas perseguições, rezava baixinho e escondido em quarto escuro, principalmente à noite. Aos dezesseis anos, Pe. Li confessou pela primeira vez e fez a Primeira Comunhão com um padre que visitava uma comunidade próxima (que há trinta anos não recebia um sacerdote).  Para que isto acontecesse, ele e um amigo viajaram durante a noite, para não serem presos, andando cerca de dez quilômetros a pé para chegar a esta comunidade.
   Querendo ser sacerdote, ele contou com a ajuda de um tio padre, fora do país há 30 anos, e que estava em visita à família, pois na China, até hoje, não há seminários. Longa foi a espera para conseguir seu passaporte, devido aos muitos interrogatórios, pois queriam saber o motivo pelo qual ele deixaria o  país e terem a certeza que seu tio não o encaminharia a um seminário no Brasil. Alegando que iria continuar seus estudos científicos, Padre Li conseguiu finalmente autorização para deixar a China, vindo em 1983 para São Paulo. Aprendeu nosso idioma, entrou para o Seminário São José e em 1991 foi ordenado sacerdote.
   Perguntado sobre a situação atual na China, ele nos conta sobre a dificuldade que até hoje existe para a formação de um vocacionado: “Lá não existem seminários como aqui; a Igreja do Silêncio não possui seminários oficiais. Lá os seminários são como pequenas comunidades, dentro de casa mesmo, e um padre é o único responsável pela formação e assistência religiosa desses jovens, tudo isso feito clandestinamente”. E explica: “Os seminários bem estruturados existentes, pertencem a Igreja Patriótica, mas esses não possuem comunhão com a Santa Sé.”
   Padre Li exorta todos os católicos a que, mesmo distantes dessa realidade, plantem boas sementes nos corações daqueles que ainda não se conscientizaram desses fatos que acontecem até hoje: “Apesar de nós termos liberdade religiosa no Brasil, nós não a valorizamos. Apesar das perseguições na China, os católicos vivem firmemente sua fé; isso é um exemplo para nós católicos aqui no Brasil. Além de rezar pelos cristãos perseguidos, não somente na China como em diversas partes do mundo, nós precisamos dar o  exemplo aos que não praticam a fé, lançar sementes do Evangelho para essas pessoas que não valorizam essa liberdade religiosa.”
   Precisamos estar atentos à Igreja que sofre. Devemos estar unidos em orações, pois se pertencemos ao Corpo de Cristo que é a Igreja, somos todos um só, unidos pelo mesmo Cristo: “Se um membro sofre, todos os membros padecem com ele; e se um membro é tratado com carinho, todos os outros se congratulam por ele.” (I Cor 12,26)
  





                                       

 Um Grande Amigo
   Adoro um bom filme, principalmente quando este nos leva a reflexões. Revendo um filme que conta a bonita história de uma grande amizade entre um cão e um menino, me deparei com uma realidade corriqueira, aquela que mostra o cão como o melhor amigo do homem.
   Daí comecei a refletir sobre o comportamento dos cães, animais, na maioria das vezes dóceis, companheiros, sempre prontos a retribuir com alegria, até um gesto rude.  Para o cachorro, todo o tempo é propício para correr e brincar, e para algumas raças, tempo de rasgar uma roupa ou destruir um sapato. Mas, apesar de tudo, sempre companheiros.
   E foi assim que passei a refletir sobre o comportamento humano, sobre os animais racionais, e foi difícil compreender tanta falta de docilidade e de companheirismo. E aí veio a pergunta: Por que tanta hostilidade entre pessoas? Por que  a inveja, o egoísmo, a competição, são hoje em dia características acentuadas na vida de cada um? O mundo está movido pela cultura do eu sou, eu posso, eu não gosto, eu não quero, eu não admito; quase nunca se ouve um muito obrigado ou,  se precisar me procure, ou ainda, em que posso ajudar? Que mundo é esse que vivemos, onde pessoas disputam pequenas e insignificantes coisas como: espaços mais largos para si ou vagas de automóvel?
  O ter sempre razão que leva a incompreensão, o não querer ouvir o outro mesmo sabendo que não sou o dono da verdade, são pontos ainda muito distantes de serem superados.
  Tudo isso é motivo de reflexão. Se tivermos um olhar diferente sobre esses animais irracionais, vamos encontrar exemplo de submissão, humildade e amizade, talvez assim  aprendamos com eles que nada é mais importante que um gesto, de gratidão e amor. Nada melhor que  uma grande, boa e sincera amizade.

             Estado permanente de missão.

   O propósito do missionário vai muito além que atravessar fronteiras e chegar a lugares onde a pobreza é o cartão postal de gente sofrida  e machucada pelo esquecimento e desprezo. O missionário quer alcançar os corações,  eles sabem que o bem material que levam  é muito importante, é fundamental, mas não se compara  ao amor, a fraternidade e a solidariedade que dão conforto e alegria àqueles que, já sem esperança, se sentem excluídos do mundo.  Doar-se não é fácil é tarefa difícil, e somente se doam aqueles que têm no coração um amor muito parecido com aquele que Jesus Cristo dispensou aos pobres, oprimidos, cegos, coxos, etc. Ser missionário é abandonar tudo de si, não só aquilo que lhe prende materialmente, mas principalmente despojar-se de suas vestes egoístas e olhar para o outro com um olhar cristão. O  missionário não busca  títulos, sorrisos e aplausos, ele busca suprir as necessidade dos irmãos que precisam de um pouco de dignidade em suas vidas, e para isso precisa e conta com a cumplicidade e colaboração da parte daqueles que somente admiram suas atitudes de amor e coragem.
   O segundo mandamento dado por Nosso Senhor Jesus Cristo foi: “ Amarás a teu próximo como a ti mesmo”. Amar não é uma virtude que permeia o coração da humanidade, pelo contrário,  a cada dia esse sentimento vai se apagando, vai deixando de fazer parte do projeto de vida das pessoas que vão colocando como prioridade suas necessidades, muitas das vezes desnecessárias, ou ainda,  insignificantes frente a tanta dor que se vê espalhada por lugares como África, Ásia e muitos outros, mas também em cidades, bairros, ruas e às vezes bem ao nosso lado,  e quando ao nosso lado, podemos ser missionários  ali, onde Deus nos coloca naquele momento.
Outubro é mês das missões, um tempo de examinar os nossos propósitos de vida em relação a tudo quanto Jesus ensinou. Onde está o meu irmão mais necessitado ali está Jesus. Como podemos ir até eles?  “ Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25, 40)  
            NOSSAS CRIANÇAS E AS DO MUNDO INTEIRO

   Disse-lhes Jesus: Deixai vir a mim estas criancinhas e não as impeçais, porque o Reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham. (MT 19,14); Em verdade vos declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos céus. (Mt 18,3). Essas palavras de Jesus nos leva a refletir o quanto as crianças são, para Ele, o modelo da pureza de alma de uma pessoa.
   Quando abro os jornais, leio: “Criança abandonada em lata de lixo”; “Criança encontrada na rua dentro de um saco plástico”; “Recém-nascido abandonado em banheiro do shoping”; eu fico imaginando que mundo é esse, onde crianças inocentes e indefesas são abandonadas por suas mães, que não se preocupam sequer em  saber se elas vão sobreviver, se alguém vai achá-las e lhes dar o que comer, ou lhe agasalhar no frio. Essas crianças largadas, no lixo, na vala, no frio, com certeza não são diferentes daquelas das quais Jesus Cristo mencionou. O que se está tentando fazer? Matar a inocência, a pureza, a esperança? Que falta de humanidade é essa, que se leva a desprezar aqueles que são tão importantes para Deus tanto quanto nós o somos? Matar a esperança, sim, pois são nas crianças que está depositada a esperança de um mundo melhor, mais digno, mais humano. São nelas que devemos investir, ensinar-lhes a amar e lhes dar amor, tanto quanto pudermos, para que elas se sintam protegidas, amparadas e amadas.
   Deixar de amar ou cuidar de uma criança, é o mesmo que negar a Deus. Sejamos pois, parecidos com criancinhas o mais que pudermos, para merecermos de Deus a graça de entrarmos no Reino dos Céus.